22.4.14

Garotas do calendário, 2003

por Cecília Goursand


Ainda na mini zica e de braço quebrado, sinto falta de algo que nunca imaginei : cuidar de mim. Daquela velha independência de passar um lápis no olho, um rímel, um corretivo, fazer escova no pixaim, entre outras milhões de coisas que o universo feminino talvez me compreenda mais. Embora qualquer universo, creio eu, gosta de se cuidar.

                           



Sabe, sempre escuto aquela frase: cuide do jardim que as borboletas virão. Apesar de clichê e piegas, entendo que borboletas são as coisas externas e as árvores somos nozes. Não sei porque, mas sempre olhei essa frase de um ângulo o qual, me fazia pensar em cuidar do interior primeiro e consequentemente, o lado de fora melhoraria. Mas nesses dias, vi que o buraco é mais embaixo e percebi que ao cuidar do externo primeiro, o interno - com toda certeza - também melhora. 

Me julgue, me jogue na parede e me chame de mulherzinha, mas talvez você será hipócrita. Cuidar do externo , é também cuidar da mente. É se sentir bem e a vontade. É passar um blush e melhorar o astral. É ligar o foda-se pra sociedade e se sentir independente, consciente e consequentemente, você. Ser donos/donas de nossos corpos. É cortar o cabelo, fazer a barba (isso não implica tirar), cuidar da alimentação. Da casa que você habita. Da forma que achar melhor.


Pensando nisso e em meio à várias discussões recentes sobre isso, especificamente, a mulher e seu corpo, esse filme caiu como um achadão. Como quando vamos à lojas de qualquer coisa e um produto específico se torna nosso objeto de desejo, mas lembramos que nosso bolso não permite adquirir no momento. :( 

                                     


Eis que esse filme, em minha vida, foi O produto em liquidação. Aquele de ideia nada barata, que dá pra comprar. De babar, de causar síncope e nos dar esperanças para gritar: É MEEUU! É meu corpo.Pode soar estranho ter que batalhar pelo próprio corpo, mas é o que vem acontecendo com a gente (todos) nos últimos tempos. Estamos vivendo em tempos em que é necessário defender o óbvio, como diria Bertolt Brecht. De fato, nossa sociedade e cultura nos poda em nome do controle. 

E quando surge uma pessoa que grita pela liberdade qualquer que seja, é taxada de vulgar, errante ou superficial. Garotas do calendário não se trata daquelas gostosonas de oficina mecânica que cedem ao lugar de objeto de desejo. Mas inspirou essas divinezas a lutarem por um ideal e sair da rotina. Mulheres maduras, aparentemente puritanas, membros de uma associação nacional de mulheres que reúne grande grupo de senhoras (entre 50 - 60 anos) na Inglaterra e incentiva atividades padrões como fazer geleias, jardinagem ou tricô. Clichê: mode on.



Cansadas de aceitarem essa vida medíocre de afazeres, um grupo de amigas em situação de perda, resolveu dar o primeiro grito, à principio, em nome do conforto no hospital para os familiares dos pacientes. Só que nuas. Yeahhh, a vida não precisava ser daquele jeito, aceitável. Eike tédio.
Elas são dessas. Ousadia e alegria. Sexy, sem ser vulgar. Donas de seus próprios corpos, ideias e atitudes. 


Claro que precisaram quebrar paradigmas próprios para serem firmes na decisão, mas sabiam que deviam seguir em frente. Sem isso, a vida voltaria apenas ao básico. Enfrentaram maridos machistas, sociedade reprimindo, mas viveram. Sentiram-se vivas, construíram sua identidade, autenticidade e originalidade. Provaram muito além da geleia de ameixa que a associação tanto insistia em fazer. Provaram o sabor de ser. E eu, que também sou dessas de me jogar na vida, não vou posar nua por enquanto (rá), mas quero passar meu blush, rímel e lápis no olho sem mimimis, sem ouvir que é frescura e me sentir de volta à vida e principalmente, viva. Entre tombos e atropelamentos, ser yo, moi, Cecília.


Vem que tem mais razões para ver: As garotas do calendário no olhar de Lupa ♥ :

1: O filme dá dica para quem precisa quebrar paradigmas: Difícil, mas tamo junto (quase em tudo hein, toca aê o/). É necessário de vez em sempre.

                                             

2:  Dá dica também para libertar das garras sociais, gritando: #chupasociedade e fazer coisas the-lycia que sempre desejamos, mas nunca tivemos coragem de fazer: (but, cuidado com os outros)

Tem coisa melhor?
                                           
3:  Nos apoiar em novas causas/ paixões/ unicórnioqualquercoisa ao perder algo/alguém = Alívio. Sou a favor do apego ou qualquer outra bengala imaginária que nos mantenha sãos e vivos :)



4: E ser feliz com a gente mesmo ♥


Obs: não achei on line, só encontrei pra baixar :/

Ficha Técnica:
Quando e onde: Reino Unido, 2003.
Olhar de quem: Nigel Cole (diretor) , 
Tim Firth e Juliette Towhidi (roteiristas)
Quem faz parte: Helen Mirren, Julie Walters, 
Linda Bassett, Annette Crosbie, Celia Imrie, 
Penelope Wilton.
Quanto tempo: 108 min.




5 comentários:

  1. Hahahahaa!! Adorei!! Quero ver tipo, AGORA!!!

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  2. nunca dei bola para este filme... mas acho q agora devo correr atrás dele :P

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  3. Amigaaa! Cê tem que ver. A gente não dá nada pra ele mesmo não. Até ver!rsrs

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  4. Delícia de texto!!! Bom ver que a mini zica pode inspirar tanto, assim como o filme #chupasociedade. Muito amor em: 'E ser feliz com a gente mesmo!'

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Vem que tem :D